Conheça o inspetor da Univercidade que acumula várias funções numa jornada de 14 horas.
André Paes e Reinaldo Annunciação
Atuar em 5 frentes de trabalho diferentes em um tempo tão curto pode ser algo impossível para tantas pessoas, mas não para o inspetor Levy Almeida, que trabalha na Univercidade há 7 anos e meio, e enfrenta essa árdua rotina de conciliar seus sonhos com os horários sem perder a alegria.Levy demonstra esta vontade de conquistar seu espaço desde os tempos de criança, quando ainda investia no seu sonho de se tornar um jogador de futebol. Nosso personagem foi jogador das categorias de base dos clubes Vasco da Gama, Ceres, São Cristóvão e Heliópolis, onde disputou um campeonato brasileiro e foi apontado como revelação da competição.
SONHO INTERROMPIDO
Mas este sonho foi adiado em função de uma contusão sofrida nas vésperas de uma transferência para o poderoso e rentável futebol dos Emirados Árabes. Hoje, com 28 anos, o inspetor ainda sonha com esta chance de voltar aos gramados.
- O sonho ainda existe, enfatiza o ex-jogador de futebol.Tamanha identificação com o esporte fez Levy trancar a faculdade de Direito e se matricular em Educação Física.
- Me formo esse ano em licenciatura e tenho previsão para concluir o curso no segundo semestre de 2010. Aproveito a oportunidade da bolsa que eu tenho, por ser funcionário da faculdade, para investir na minha formação, explica um entusiasmado aluno.Essa convivência com o esporte partiu de sua própria casa, quando sua mãe - que era fumante - abandonou o vício e deu início à prática de atividades físicas, para dar exemplo ao filho que antes não se interessava por nada. Levy Almeida explica que ela começou a fazer caminhadas curtas e hoje é uma maratonista que coleciona inúmeras medalhas.
- Ela me incentivou a seguir na carreira, foi o meu maior exemplo e hoje me orgulho em ter uma mãe bastante competidora como ela, se emociona o filho orgulhoso.
VIDA DE INSPETOR NÃO É FÁCIL
Levy também coleciona histórias emocionantes em sua vida profissional. Dedicado, o inspetor está sempre pronto para ir além das suas tarefas na faculdade, como no episódio envolvendo uma aluna da cadeira de dança.
- Algumas alunas de dança passavam mal por não se alimentarem direito, e de tanto fazer regime, para manter o corpo em forma. Em uma dessas ocasiões uma menina desmaiou e eu a carreguei pelos braços e a levei até o hospital Miguel Couto. Entrei pela emergência do hospital pedindo socorro porque ela estava desmaiada e não reanimava por nada. Foi uma das situações mais difíceis que eu já presenciei aqui, relembra o inspetor-herói.
Por essa e por outras, Levy bem que poderia receber uma medalha, assim como as conquistadas pela sua mãe, inspiração maior desse que pode ser considerado um SAMU ambulante da faculdade.Além da capacidade de administrar situações adversas, Levy ainda tem jogo de cintura para driblar momentos embaraçosos...
- Certa vez, durante a minha ronda, flagrei dois alunos do mesmo sexo trocando beijos calorosos e como preciso manter as coisas em ordem, precisei interromper o namoro. Essa saia justa também já aconteceu com meninas, comenta o inspetor.
O ESTAGIÁRIO E MULTIPLICADOR
Pra quem não conhece Levy em seu dia-a-dia o inspetor, que tem várias atividades acumuladas, também se dedica a um importante projeto social. O Projeto Segundo Tempo realizado na comunidade do Cantagalo na zona sul do Rio e coordenado pela UERJ. Lá na comunidade Levy assume o papel de monitor e ‘tio’, onde ensina futsal e vôlei para crianças entre 8 e 13 anos. As atividades são aplicadas em 3 dias da semana com duração de 2 horas.
Levy se orgulha em poder dividir seu aprendizado com as crianças que sonham um dia entrar para o tão desejado mercado da bola. Nessa hora cabe ao inspetor, aluno, socorrista e atleta o papel de multiplicador de sonhos.
- Vejo nelas o sonho que eu sempre tive quando pequeno. A maioria dessas crianças são carentes de carinho e se apegam aos meus ensinamentos. Muitas delas me chamam de tio, explica um monitor realizado.
Ao meio de todas estas rotinas, Levy ainda encontra tempo para se dedicar a dois estágios. O morador de Guadalupe explica que precisa levantar às 4h30 para montar a estrutura da escolinha de vôlei da jogadora Jackie Silva na praia de Ipanema e voltar ao trabalho na Univercidade.
- Chego a Ipanema às 6h e coloco as redes, faço a marcação das quadras, coloco as antenas e as proteções. Quando termino sigo para a faculdade e começo o meu expediente antes das 7h, relata o estagiário de Jackie.
Levy Almeida estuda no turno da tarde e segue para outro estágio em uma academia localizada em Jacarepaguá, onde aplica aulas de spinning e alongamento. Para quem não conhece o inspetor não consegue imaginar a dimensão de sua polivalência. Este trabalhador é um tipo 'cara valente' que encara toda essa correria sem perder o sonho e o sorriso no rosto.
- Eu ainda vou voltar para o futebol, conclui um esperançoso Levy.
Alguém duvida?